A live solidária da Defensoria Pública de MS, realizada em parceria com a Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado (ADEP-MS) e Escola Superior da Defensoria Pública de MS (ESDP-MS), arrecadou R$ 30 mil para a compra de brinquedos que serão destinados a mais de 800 crianças em situação de vulnerabilidade social atendidas por várias instituições do Estado.

Com a participação especial do padre Julio Lancellotti, o evento online faz parte da Campanha de Natal organizada pela Instituição.

O pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, localizada em São Paulo, recebeu no último dia (11), o Prêmio de Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, e durante a live falou sobre a “Solidariedade como um valor humano”.

O defensor público-geral, Fábio Rogério Rombi da Silva, reiterou o importante papel da Defensoria Pública. “Lembro-me de uma foto postada no Twitter em que o padre Júlio aparece de costas servindo um jovem em situação de rua. A fotografia tinha como legenda: quantas vezes te vi nessa pandemia, Jesus. E aquilo eu senti de uma profundidade tamanha. No plano institucional, o papel da Defensoria Pública é, justamente, ver o outro, dar voz aqueles que não têm, tornar visíveis aqueles que são invisíveis”, frisou.

Na palestra, o padre ressaltou como tem sido o trabalho e a convivência com a população em situação de rua durante o isolamento social.

“Eu digo sempre que eu não trabalho com a população de rua, eu convivo com as pessoas em situação de rua. Nessa pandemia, usando a máscara, a primeira coisa que nós percebemos são os olhos, e eu tenho aprendido muito ao ver nos olhos a tristeza, a alegria, a surpresa, a súplica, a raiva, a dor, a lágrima, o sorriso e, principalmente, o medo, o sofrimento mental de alguns. Acredito que ver Jesus é ver humanidade. Então me sensibiliza muito a dor desses irmãos”, pontuou o convidado especial.

Outra questão pontuada pelo padre Júlio Lancellotti foi quanto ao aumento da população de rua. Mesmo não havendo o censo do IBGE sobre esta parte da população, o palestrante reforçou que dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontam mais de 220 mil pessoas vivendo em situação de rua, antes da pandemia.

Durante a live, o juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, comentou sobre a importância do tema da Live Solidária. “No sistema de Justiça, nós acabamos nos distanciando dessa realidade e vamos, aos poucos, nos desumanizando. Quando nós temos a oportunidade de ouvir pessoas como o padre Júlio, com essa trajetória tão bela, para nós serve também como uma espécie de ‘recarregamento’ das baterias e que vale a pena continuar lutando pela busca da igualdade”, frisou o juiz.

Para o coordenador do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), defensor público, Mateus Sutana e Silva, “há muita variedade de grupos, mulheres, mulheres grávidas, pessoas idosas, indígenas, egressos do sistema prisional e é, realmente, muito importante não colocá-los como objetos do Direito, decidindo nós o que é melhor para eles sem ouvi-los”, acrescentou o coordenador.

Representando a ADEP-MS, a defensora pública Linda Maria Silva Costa reiterou sobre a necessidade de ouvir. “Trabalhei muito tempo com a população carcerária e me recordo de a importância dessas pessoas serem olhadas, ouvidas, do quanto elas precisam que tenhamos um pouco de atenção, não para com o crime, com a pena, mas com o ser humano”, disse a defensora.

O diretor da ESDP, defensor público Igor Cézar de Manzano Linjardi, destacou a alegria em receber o padre Júlio Lancellotti para encerrar o calendário de eventos da Escola, sendo ele “uma referência mundial no que diz respeito aos direitos humanos e a solidariedade”.

As instituições organizadoras realizarão, em breve, uma prestação de contas pública sobre a destinação de todo valor arrecadado.

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