No quadro “Defensorar, uma escolha para a vida” desta semana, a ADEP-MS (Associação das Defensoras e Defensores Públicos de Mato Grosso do Sul) convidou o Defensor Público aposentado Edmar Camargo Bentos para contar um pouco da sua história profissional. Ele já atuou como militar, advogado e assessor jurídico, encerrando sua trajetória como Defensor Público e lutando bravamente pela defesa dos hipossuficientes. Vamos conferir?

Ao ingressar na carreira de Defensor Público (antes Assistente Judiciário), após um concurso de provas e títulos, que foram ao todo 32 aprovados e logo designados, de acordo com as classificações para suas respectivas cidades, coube ao Dr. Edmar Camargo a Comarca de Bonito/MS.

Tempo depois, o Defensor Público foi realocado para a Comarca de Ribas do Rio Pardo. “Tanto o Juiz Dr. Edson Ricardo Portes, quanto o Promotor Dr. Hélio Gazal Dib, finíssimos e elegantes, me receberam com fino trato e galhardia, tratando-me como seu igual. Nesta Comarca, começava eu, o meu primeiro júri. Aliás, diga-se de passagem, o primeiro Tribunal do Júri cujo crime ficou conhecido como o crime da pedreira. Primeiro réu ali julgado com 3 vítimas”, lembra ele.

“Daí, me apaixonei pelo Tribunal do Júri. Como aquele foi o primeiro na cidade, repercutiu muito e o Salão da Igreja Paroquial ficou pequeno para tanta gente. Eu era sempre designado para fazer ditos júris em outras cidades, alguns ganhos, más nem todos”, complementa.

A Defensoria Pública sempre foi algo que o atraiu como profissão, tendo em vista tratar-se da defesa jurídica dos menos favorecidos. Antes de iniciar a carreira, Edmar Camargo foi militar da Força Aérea Brasileira por 15 anos, também já atuou como advogado e assessor jurídico do DETRAN/MS e da Corregedoria Geral de Polícia.

“Foi depois de toda essa trajetória que prestei concurso para a Defensoria Pública e estive por um período de aproximadamente 12 anos. Durante esse tempo, o que mais chamou a minha atenção foi o companheirismo, a garra e a união de todos, sempre com responsabilidade e vontade de fazer o bem ao próximo”, conta.

“Muito importante quando as pessoas humildes sentavam a nossa frente e, ao narrarem seus problemas, acabavam chorando. Apesar de que, já escutei juiz dizer ‘Esses pobres brigam por miséria na partilha de bens’ dando como exemplo galinhas, porcos e talheres. E é verdade, pois, esses são seus maiores patrimônios e devemos respeita-los! O hipossuficiente quando bate na porta do fórum é porque vem atrás de justiça e está sendo pisoteado pelos mais fortes, cabe a nós o dever e a missão de ajudar, somos a única e talvez a última esperança dessas pessoas”, complementa o Defensor Público aposentado, Edmar Camargo.

Associado

Dr. Edmar é associado da ADEP-MS desde a sua fundação. “Aliás, estive presente em todos os momentos e me considero um dos fundadores. Quando começamos nossa Associação era em uma casa humilde, na Rua Pepe Simioli, em Campo Grande. Quando fomos comprar a atual sede, estávamos em um grupo de Defensores, o presidente da época que era o Dr. Otaviano chegou a dizer ‘Não há como, não temos condições financeiras para tão alta importância, impossível’. Nisso o Dr. Vicente interviu e respondeu ‘Compra Otaviano! Dá a entrada, toma posse e depois damos um jeito de pagar’ e assim foi feito”, lembra o Defensor Público.

Para ele, a ADEP-MS nunca o decepcionou, sempre deu o melhor que pode, dentro das suas limitações, em prol das associadas e associados. “Já fui vice-presidente três vezes e tenho muita honra e orgulho dessa fase. Nesses 38 anos, espero que a ADEP-MS continue sempre na árdua e merecida missão, na defesa da nossa classe e interesses, com garra destemor e pulso firme na condução da nossa Bandeira! Agradecimentos a Dra. Linda e sua brilhante equipe de diretores”, finaliza.